Após a fuga de presos ocorrida em Campina Grande do Sul, na região metropolitana de Curitiba, a Associação dos Delegados de Polícia do Paraná (Adepol) cobrou nesta terça-feira (22) a realização do concurso público que visa a contratação de 400 novos servidores. O presidente da entidade, Daniel Fagundes lembra que a estrutura humana da corporação está “muito defasada”, o que tem ocasionado problemas graves: como a falta de monitoramento adequado de presos, o adoecimento dos policiais e até mesmo a ocorrência de suicídios. O concurso público deveria ter ocorrido em julho, mas está suspenso por conta da pandemia do coronavírus.
Em entrevista, Fagundes explicou que apenas um investigador estava na Delegacia de Campina Grande do Sul no momento da fuga. “A Polícia Civil passa por um processo de sucateamento muito grande. Hoje o Governo do Estado não garante nem a célula essencial, que é formada por dois policiais. Uma simples intimação depende de dois, então imagina a segurança de presos. No Paraná, hoje temos cerca de 46% do efetivo previsto em lei. Deveríamos ser quase 9 mil policiais, mas infelizmente não chegamos a 4 mil”, afirma.
Ao todo, nove presos fugiram da Delegacia de Polícia de Campina Grande do Sul na madrugada de segunda-feira (21). Os detentos conseguiram fazer um buraco em uma das paredes da cela e acessar a parte dos fundos da delegacia, por volta das 3h30. O plantonista percebeu a movimentação, mas não conseguiu impedir a fuga dos nove.
Segundo o presidente da Adepol, a sobrecarga que recai sobre os atuais integrantes da Polícia Civil tem provocado adoecimento e levado até mesmo a suicídios. “A atividade policial tem natureza complexa, então por si só é estressante. É uma profissão que está entre as mais estressantes do mundo, então quem dirá no Brasil, um país em que a demanda por segurança é gigantesca. Isso gera sobrecarga de trabalho e de responsabilidade. E, no Paraná, temos ainda esse peso muito grande: que é o desvio de função, que faz o policial cuidar de presos”, explica.
Desde 2018, o Governo do Paraná tenta reduzir o impacto de manter presos em delegacias. Em novembro daquele ano, o Departamento Penitenciário (Depen) passou a gerir as carceragens de algumas delegacias do estado.
Para Fagundes, é necessário que o concurso público para a contratação de novos policiais ocorra ainda em 2020. O Governo do Estado espera fazer a contratação de 50 delegados, 300 investigadores, e 50 papiloscopistas. As inscrições se iniciaram no dia 4 de maio e terminaram em 2 de junho, totalizando 106.338 inscritos. “É importante fazer ainda esse ano, para no máximo ano que vem, os aprovados ingressarem”, conclui.
A Secretaria de Segurança Pública (Sesp), que não se posicionou até o momento.
Fonte: www.bandab.com.br
Postado por: Josiel
23/09/2020