A estiagem mais prolongada no Paraná desde que o Sistema de Tecnologia e Monitoramento Ambiental do Paraná (Simepar) começou a monitorar as condições do tempo, em 1997, pode comprometer a safra de inverno no Estado. Um estudo detalhado sobre o que ocorre neste ano em relação às chuvas aumenta a preocupação dos produtores.
“O impacto que esta estiagem vem provocando nos últimos dias é na semeadura dos cereais de inverno. Alguns produtores realizaram o plantio no pó, com a expectativa de que iria chover na sequência, e outros estão aguardando um volume de chuva considerável para poder realizar o plantioâ€, disse Dirlei Antonio Manfio, técnico do Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria da Agricultura e do Abastecimento, autor do estudo.
Mesmo com a estiagem se prolongando desde junho do ano passado, produtores do Estado conseguiram garantir boa colheita dos principais grãos da primeira safra, sobretudo soja, milho e feijão.
“Um dos fatores que justifica os bons resultados na produção foi que, mesmo com volumes inferiores de chuva, elas vieram no momento certo, garantindo a fertilidade da plantaâ€, destacou Manfio. Somaram-se, ainda, outros fatores tecnológicos, dentre eles o plantio direto, que ajuda a manter a umidade no solo.
HISTÓRICO – O Simepar possui 54 estações digitais no Paraná, com atualização a cada 15 minutos, enquanto o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) tem outras 27 estações, atualizadas a cada hora. São elas que mostram que a redução no volume de chuvas acentuou-se nos últimos meses e, consequentemente, prejudicaram a segunda safra de milho e feijão. As projeções são de dificuldades na semeadura de inverno e na cadeia da pecuária.
Em janeiro deste ano, na maior parte das regiões paranaenses o volume de chuvas ficou próximo da média dos últimos dez anos. “Nas seis principais regiões produtoras, o volume médio ficou de 127 milÃmetros a 171 milÃmetros, o que ainda é aceitávelâ€, destacou o técnico.
 “Com estes volumes de chuva ainda foi possÃvel alimentar as plantas da primeira safra que estavam em floração e frutificação, bem como a germinação e desenvolvimento das culturas da segunda safra plantadas.â€
No mês seguinte, a estiagem começou a ganhar força em todas as regiões, à exceção do Litoral. Os volumes médios caÃram para intervalo de 83 mm a 154 mm, com acentuação no Oeste paranaense, onde se reduziram de 167 mm para 83 mm. “Mesmo sendo inferiores, os produtores conseguiram evoluir no plantio das culturas da segunda safraâ€, afirmou Manfio.
SITUAÇÃO DRAMÃTICA - As maiores dificuldades começaram a ser observadas em março e se estenderam para abril. À falta de chuva somaram-se as temperaturas acima da média. “Além da falta de umidade no solo para o bom desenvolvimento das culturas, começa a faltar água para o consumo humano e animal em várias localidades do Estadoâ€, constatou o técnico. Na média, o menor volume por região foi de 33 milÃmetros e o maior, de 52 mm.
O estudo de Manfio foi desenvolvido até 15 de maio. “Na primeira quinzena o volume de chuva foi praticamente inexistente em todas as regiões, com exceção do Sudoeste, com média de 84 milÃmetros, mas muito abaixo da média históricaâ€, disse.
Segundo o técnico, há regiões onde a situação é mais dramática, como o Norte, com média de apenas 7 milÃmetros de chuva. “O maior agravo neste episódio recente é a sequência de meses com volumes abaixo da média, que começou em junho de 2019, comprometendo mais ainda o déficit hÃdrico de toda cadeia produtivaâ€, concluiu.
Fonte: AEN
Postado por: Jefferson Silva
20/05/2020