A cidade de GuaÃra, no noroeste do Paraná, passou novamente por invasões a propriedades privadas realizadas por grupos que se denominam indÃgenas. Os crimes em terras produtivas na região já possuem histórico que perdura por mais de duas décadas e a nova invasão é a segunda ocorrência do tipo registrada em menos de um mês.
No Mato Grosso do Sul, nos municÃpios de Douradina e Caarapó, foram registrados conflitos durante ações de retomada por indÃgenas Guarani Kaiowá da TI Amambaipegua I, no sábado (13/07) e no domingo. A situação também escalou com ataques a tiros, deixando dois baleados e outros feridos.
Em Pontão (RS), também foram registrados conflitos com indÃgenas que vivem em barracos à s margens da estrada em um terreno público que pertence ao Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT).
A Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) pede o cumprimento da Lei do Marco Temporal, aprovada por ampla maioria no Congresso Nacional, e já protocolou a convocação do Ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, para esclarecimentos.
Na manhã da última segunda-feira (15), um grupo de aproximadamente 20 indÃgenas montaram acampamento em uma propriedade rural de 250 hectares. No local, produtores rurais sofreram violência por parte dos invasores, e o Samu precisou ser acionado para prestar socorro. No dia 9 de julho, uma propriedade rural de Terra Roxa (PR) também foi alvo de indÃgenas, o que mostra a repetição de crimes que contam com a passividade do poder público.
O presidente da FPA, deputado federal Pedro Lupion (PP-PR), condenou a ação criminosa e destacou o caráter orquestrado das invasões, que contam com a anuência de interessados dentro do Governo Federal. O parlamentar lembra que durante a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), que investigou movimentos sociais responsáveis por crimes no campo e na cidade, as invasões cessaram momentaneamente.
“Repudiamos veementemente qualquer tipo de crime, não importa quem os cometa. A FPA seguirá de forma irrevogável, a favor do direito de propriedade e contra qualquer tipo de invasão. Durante a CPI das invasões tivemos uma queda brusca e agora no recesso parlamentar uma nova escalada de crimes. Eles se aproveitam da situação e de um governo que é declaradamente parceiro do temaâ€.
Lupion acrescenta que a lei do Marco Temporal está em vigor e precisa ser a referência para a condução de crimes como os de GuaÃra e Terra Roxa.
“A nossa bancada reforça que não é contrária aos direitos indÃgenas, mas entende que um direito não se sobrepõe ao outro. O Marco Temporal é fato balizador do direito de propriedade no Brasil e a população rural não pode ser penalizada com a expropriação de suas terras, sem nenhuma indenização ou segurança jurÃdica garantida pelo Estado Brasileiro. Afeta investimentos, empregos e a paz no campoâ€, enfatizou.
No dia 3 de abril deste ano, o Supremo Tribunal Federal (STF), por maioria, derrubou a liminar do ministro Edson Fachin, que suspendia decisões judiciais que reconheceram vÃcios em processo administrativo de demarcação de terras indÃgenas em GuaÃra (PR) e região. A FPA, a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e a Federação da Agricultura do Paraná (FAEP) buscaram a reforma da liminar de forma a garantir o direito de propriedade e a segurança jurÃdica.
Lupion reforçou à época, que a lei a ser respeitada é exatamente a do Marco Temporal, discutida e aprovada pelos parlamentares escolhidos pelo povo. “Nós aprovamos com ampla maioria e temos a certeza de que o respeito à s leis é o caminho para o desenvolvimento do paÃs. O resultado é mais um passo para restabelecer, no paÃs inteiro, o direito de propriedade e a segurança jurÃdicaâ€, concluiu.
O Marco Temporal, estabelecido na Constituição Federal de 1988 e reconhecido pelo Supremo Tribunal Federal (STF) no caso da terra indÃgena Raposa Serra do Sol (RR) em 2009, determinava que indÃgenas só têm direito à terra se estivessem na área na data da promulgação da CF/88, em 5 de outubro de 1988. A Constituição também estabeleceu que o governo federal teria cinco anos para demarcar as referidas regiões – isto é, até o dia 5 de outubro de 1993.
Diante de um novo debate que surgiu sobre a matéria, o Congresso Nacional colocou em lei o que já estava dito. Em 30 de maio de 2023, após 16 anos de debates, o Plenário da Câmara dos Deputados aprovou, por 283 votos a 155, o projeto de lei que estabelecia o Marco Temporal para demarcação de terras indÃgenas. Em seguida, no Senado Federal, no dia 27 de setembro, mais uma vitória com ampla vantagem. Dessa vez, por 43 votos contra 21, o projeto seguiu para sanção presidencial.
Apesar do veto do Presidente da República, em sessão conjunta, o Congresso Nacional restabeleceu o texto aprovado no Projeto de Lei 2903/2023 que reforça a determinação da Constituição Federal em relação à data para demarcação de terras indÃgenas no Brasil, com 374 votos a favor da derrubada do veto.
A FPA solicitou informações do Ministério da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, no que se refere à s ações que vêm sendo tomadas quanto à s invasões que estão ocorrendo no oeste do Estado do Paraná, especificamente na região dos MunicÃpios de Terra Roxa e de GuaÃra, bem como no Estado do Mato Grosso do Sul, MunicÃpios de Dourados, Douradinha, Caarapó e Aquidauana.
Além disso, foi protocolada, nesta quinta-feira (18) a convocação do ministro Lewandowski para obter esclarecimentos detalhados sobre quais ações o MJSP pretende implementar para garantir a proteção da população rurais e a estabilidade no campo. É fundamental entender quais estratégias serão adotadas para prevenir novos conflitos, assegurar a punição dos responsáveis e, principalmente, proporcionar um ambiente com segurança jurÃdica no Brasil.
Texto: Agência FPA) / Canal SouAgro
Fonte:  Agência FPA)/Canal SouAgro
Postado por: Jefferson Silva - Laranjeiras do Sul
23/07/2024